Um clássico dito popular sugere que “tamanho não é documento”. Algumas obras clássicas literárias provam que, quando o assunto é literatura de qualidade, o provérbio está mais do que correto. Com no máximo cem páginas, títulos como: “A Festa de Babette” (1950), de Karen Blixen; “A Morte de Ivan Ilitch” (1886), de Lev Tolstói; “O Paraíso São os Outros” (2014), de Valter Hugo Mãe; e “O Alienista” (1882), de Machado de Assis; não deixam nada desejar em relação a livros de maior extensão. A Bula selecionou os 15 melhores títulos com menos de uma centena de páginas —, entre eles, aqueles mencionados acima, — e os reuniu em uma lista. Os comentários são adaptados das sinopses das editoras. Além disso, as obras não estão organizadas de acordo com critérios classificatórios.
![A Festa de Babette (1950), Karen Blixen](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/A-Festa-de-Babette-300x418.jpg)
O conto narra a história de duas senhoras puritanas, filhas de um pastor protestante, que vivem na costa da Noruega após a morte do pai. Certo dia, elas recebem a visita de Babette, uma misteriosa francesa que, fugindo de Paris, lhes pede abrigo em troca de serviços domésticos. Babette tira a sorte e ganha o bilhete premiado na loteria. É a possibilidade de retribuir o bem às irmãs, e ela o faz preparando um grande jantar para a comunidade local.
![A Hora da Estrela (1977), Clarice Lispector](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/A-Hora-da-Estrela-300x441.jpg)
Macabéa é uma jovem nordestina que cumpre seu destino. Feia, magra, sem entender o que se passa à sua volta, é maltratada pelo namorado Olímpico e pela colega Glória. Os dois são o seu oposto: o namorado sonha alto, e Glória, carioca da gema e gorda, tem família e hora certa para comer. Os dois acabam juntos, enquanto Macabéa, sozinha, continua a viver sem saber por que está vivendo. Até que uma consulta com uma cartomante muda os rumos de sua vida.
![A Morte de Ivan Ilitch (1886), Lev Tolstói](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/A-Morte-de-Ivan-Ilitch-300x447.jpg)
Depois de abdicar da arte e renegar toda a sua obra anterior para se dedicar à vida espiritual, Lev Tolstói volta a escrever em 1886, à pedido do também escritor e amigo Ivan Turguêniev, que estava prestes a morrer. A primeira obra literária publicada após seu retorno às letras, “A Morte de Ivan Ilitch”, é considerada um dos textos mais impressionantes não só de seu legado literário, como de todos os tempos.
![A Última Casa de Ópio (2000), Nick Tosches](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/A-ultima-Casa-de-opio-300x457.jpg)
Partindo de Nova York rumo ao Extremo Oriente, Tosches revela lugares improváveis, acontecimentos impossíveis, pessoas incríveis e, acima de tudo, mostra o quanto nossa disparada enlouquecida ao futuro destrói costumes nobres. A sua narrativa é recheada de referências históricas e resgata o lado sagrado e mitológico no consumo de Ópio, conferindo ao controverso e milenar hábito uma aura de requinte.
![Bartleby, o Escrivão (1853), Herman Melville](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/Bartleby-300x416.jpg)
A história é contada a partir do ponto de vista do sócio de um escritório de advocacia de Nova York, que se esforça para desvendar a misteriosa e impenetrável personalidade de Bartleby, um escrivão que se recusa resolutamente a realizar qualquer tarefa, sem apresentar nenhuma justificativa para tal. O fascínio pela postura do funcionário impede o advogado de tomar medidas enérgicas e, quando finalmente decide fazê-lo, é confrontado com a mesma negativa inabalável.
![Carta A D.: História de um Amor (2007), André Gorz](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/Carta-A-D-300x449.jpg)
O último livro do filósofo francês André Gorz foi escrito para homenagear sua mulher, Dorine, com quem foi casado por quase 60 anos. O casal cometeu suicídio em 2007. Os corpos foram encontrados um ao lado do outro, e um cartaz, na porta de sua casa, pedia que a polícia fosse avisada. Gorz era um crítico radical da mercantilização das relações sociais. Desde 1990, vivia em retiro com a mulher, que sofria de uma doença degenerativa incurável.
![História Universal da Infâmia (1935), Jorge Luis Borges](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/Historia-Universal-da-Infamia-300x451.jpg)
A obra é um conjunto de releituras de contos da década de 1930, nas quais Jorge Luis Borges se coloca no lugar do leitor. Embora as histórias que compõem o volume tenham sido tiradas, em grande parte, de livros de outros autores, o trabalho abissal de reescrita é a novidade, complexa e de grande força expressiva, pois depende da criação incomum de pormenores circunstanciais de longo alcance que, ampliam e adensam os significados dos argumentos que aproveita, imprimindo-lhes um sentido inesperado.
![Morreste-me (2000), José Luís Peixoto](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/Morreste-me-300x431.jpg)
“Morreste-me” foi o livro que revelou o escritor português José Luís Peixoto. Publicada em 2000, é uma obra tocante e comovente: o relato da morte do pai, o relato do luto e, ao mesmo tempo, uma homenagem, uma memória redentora daquele que posteriormente seria considerado um dos escritores mais dotados de seu país. O jornal francês “Le Monde”, considerou a obra “uma extraordinária forma de interpretar o mundo”.
![O Alienista (1882), Machado de Assis[](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/O-Alienista-300x418.jpg)
A trama é centrada no dr. Simão Bacamarte. Um estudioso da mente humana, o médico decide construir a “Casa Verde”, um hospício para tratar os doentes mentais na pequena cidade de Itaguaí. Com um estilo realista e fantástico a um só tempo, Machado conduz uma história surpreendente e mostra ao leitor que tudo é relativo e que a normalidade nem sempre é aquilo que a ciência e os fatos atestam de forma absoluta.
![O Conto da Ilha Desconhecida (1997), José Saramago](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/O-Conto-da-Ilha-Desconhecida-300x458.jpg)
Um homem vai ao rei e lhe pede um barco para viajar até uma ilha desconhecida. O rei lhe pergunta como pode saber que essa ilha existe, já que é desconhecida. O homem argumenta que assim são todas as ilhas até que alguém desembarque nelas. Entre desejar um barco e tê-lo pronto para partir, o viajante altera aos poucos a ideia que faz de uma ilha desconhecida e de como alcançá-la, e essa flexibilidade o torna mais apto a obter o que sonhou.
![O Coronel Chabert (1829), Honoré de Balzac](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/O-Coronel-Chabert-300x462.jpg)
Tido como morto durante uma batalha, ao voltar para casa depois de anos, o coronel Chabert já não encontra lugar no mundo. Sua mulher, herdeira de toda a fortuna, casou-se de novo e teve dois filhos; sua casa foi demolida; até a rua em que morava foi rebatizada. Despossado de seus bens e de seu nome, o antigo herói das guerras napoleônicas pede ajuda ao advogado Darville para se lançar com todas as forças em uma última batalha, pela retomada de sua identidade.
![O Diabo (1916), de Lev Tolstói](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/diabo-300x462.jpg)
De origem autobiográfica, o texto só foi publicado postumamente em 1916. “O Diabo” trata de questões caras ao autor: o papel do casamento, do sexo e das relações amorosas; e a responsabilidade moral dos indivíduos. Na história, Evguêni, um bacharel em direito, se envolve com uma bela camponesa, num caso que teria tudo para ser esquecido e relegado às loucuras de juventude. Mas Evguêni é jovem, e não percebe que está criando armadilhas para si mesmo.
![O Paraíso São os Outros (2014), de Valter Hugo Mãe](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/O-Paraiso-Sao-os-Outros-300x443.jpg)
Em “O Paraíso São os Outros”, uma menina volta seu olhar pueril para os casais. Casais de pessoas e de animais, de homem e mulher, de mulher com mulher, de golfinhos e de pinguins. Uma menina a quem o amor intriga e fascina. Uma menina que ao imaginar a vida dos outros, sonha com a pessoa que um dia irá amar. Sua voz inocente toca tanto as crianças quanto os adultos.
![Um Copo de Cólera (1978), de Raduan Nassar](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/Um-Copo-de-Colera-300x440.jpg)
“O corpo antes da roupa”, afirma o personagem principal de “Um Copo de Cólera” ao narrar o que acontece numa manhã qualquer, depois de uma noite de amor, quando a aparente harmonia entre ele e sua parceira se rompe de repente. Tensa, contundente, a linguagem de Raduan Nassar tornou a obra um clássico contemporâneo da literatura brasileira. A obra foi adaptada para o cinema em 1999, no filme homônimo do diretor Aluizio Abranches.
![Um, Dois e Já (2014), de Inés Bortagaray](https://www.revistabula.com/wp/wp-content/uploads/2018/08/Um-Dois-e-Ja-300x400.jpeg)
“Um, Dois e Já” é uma delicada ode às memórias afetivas. Na novela, a história é narrada em primeira pessoa por uma menina que conta a viagem de verão da família até um balneário uruguaio, dentro de um carro apertado, no início dos anos 1980. A voz da narradora, ora lírica, ora jovial, mas nunca infantilizada, descortina a paisagem plana e melancólica do Uruguai, e revela a dinâmica familiar, na qual ela ocupa a peculiar e determinante posição de irmã do meio.
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