Poucos atores conquistam a honra de serem eternizados na memória do público. Ainda que não gostem de serem lembrados por um personagem específico, sabem que é um mérito invejado no universo cinematográfico. A Revista Bula realizou uma enquete para descobrir quais são, segundo os leitores, as atuações mais memoráveis de toda a história da sétima arte. A consulta foi feita a colaboradores e seguidores na página da revista no Facebook e no Twitter. As 21 performances mais citadas foram reunidas em uma lista, que abrange filmes de diferentes épocas e nacionalidades. No topo do ranking, estão nomes como Robert De Niro, Al Pacino e Meryl Streep.
“O Poderoso Chefão” (1972) conta a história da família de mafiosos Corleone, na Nova York dos anos 1950. Marlon Brando, um dos mais influentes atores de todos os tempos, interpretou Don Vito Corleone, o chefe da máfia. Esse foi considerado o personagem mais importante de sua carreira e lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator, após uma série de fracassos nas bilheterias. Mario Puzo, autor do romance que inspirou o filme, disse ao diretor Francis Ford Coppola que sempre imaginou Marlon Brando para o papel.
O filme, da época do cinema mudo, conta a história da camponesa Joana D’Arc, que foi condenada à morte por liderar o povo francês contra o exército inglês. Interpretar a santa Joana D’Arc colocou a francesa Maria Falconetti no panteão dos melhores artistas de todos os tempos, mas também a traumatizou. Ela dizia que o diretor, Carl Theodor Dreyer, era exigente e a obrigava a rodar muitas vezes a mesma cena. Além disso, várias torturas foram reais e ela chegou a quebrar a perna para expressar o sofrimento da personagem.
Em “Taxi Driver”, de Martin Scorsese, Robert de Niro interpretou Travis Bickle, um motorista de taxi que sofre de insônia e passa as madrugadas dirigindo por Nova York. Enquanto se preparava para o papel, ele filmava outro filme em Roma. Então, às sextas, pegava um avião para Nova York, onde obteve licença de taxista, alugava um táxi real e dirigia pela cidade, devolvendo o veículo antes de voltar para Roma. O longa selou a parceria entre De Niro e Scorsese, que trabalharam juntos nove vezes.
Nesta sequência, Al Pacino viveu Michael Corleone, o filho do mafioso Don Vito Corleone e novo responsável pelos negócios corruptos da família. Essa é considerada a atuação mais memorável do ator, mas ele quase foi dispensado. Em uma entrevista, Al Pacino contou que o estúdio não acreditava que ele era ideal para o personagem, que foi muito disputado. “Michael Corleone foi — e ainda é — o papel mais difícil que já fiz. Eu não o via como um mafioso; sentia que o poder era sua qualidade enigmática”, disse o ator.
Neste longa biográfico, George C. Scott interpretou o americano George S. Patton, general implacável que conseguiu decisivas vitórias contra os nazistas. Consagrado no teatro, George C. Scott ganhou o Oscar de “Melhor Ator” por sua interpretação de Patton. Mas, não foi receber a estatueta e ficou em casa assistindo um jogo de hóquei. Segundo Scott, a intenção da Academia era forçar os atores a se tornarem estrelas e a cerimônia era um “mercado de carne”.
O longa narra a biografia de Margaret Thatcher, a primeira-ministra britânica, conhecida como “Dama de Ferro”, com foco na Guerra das Malvinas, em 1982. A obra foi criticada por ter sido “neutra”, mas a atuação de Meryl Streep recebeu apenas elogios. Pelo filme, ela ganhou o terceiro Oscar de sua carreira, na categoria Melhor Atriz. Segundo Streep, capturar a voz e os maneirismos de Thatcher foi a chave para o sucesso do papel, desde a voz até a forma que ela cruzava as pernas.
“Freud Além da Alma” retrata a vida do pai da psicanálise, Sigmund Freud, e a história da elaboração da teoria psicanalítica. Montgomery Clift, que foi um dos primeiros atores de Hollywood a buscar capacitação técnica para exercer a profissão, foi aclamado pela atuação no longa. Ele conseguiu, de forma profunda, segundo o jornal “Le Monde”, criar um Freud introspectivo e obcecado por provar a veracidade de suas ideias controversas.
O longa narra a vida de Jane Hudson, uma idosa que foi uma artista famosa durante a infância e agora, afastada dos palcos, cuida da irmã Blanche. Bette Davis interpretou Jane nesse filme de sucesso estrondoso, pelo qual recebeu sua última indicação ao Oscar. Blanche foi interpretada por Joan Crawford, rival de Bette Davis. Indignada por não ter sido indicada à premiação também, Joan se vingou subindo ao palco para receber a estatueta da vencedora, Anne Bancroft, que ganhou pelo filme “O Milagre de Anne Sullivan”.
O longa acompanha o criminoso Randle Patrick, que finge ter problemas mentais para ser transferido de uma prisão comum para uma instituição psiquiátrica. “Um Estranho no Ninho” foi chamado de “filme de atuação”, pois todos os atores exerceram bem seus papéis. Mas, o destaque foi para Jack Nicholson, o protagonista, que ganhou o Oscar de Melhor Ator pela maestria na interpretação. Ao todo, o longa ganhou cinco estatuetas do Oscar.
Norma Desmond, atriz em decadência, abriga em sua casa o fugitivo roteirista Joe Gillis, e o contrata para revisar o roteiro do longa que marca seu retorno às telas. A lendária Gloria Swanson interpretou Norma, papel pelo qual recebeu sua terceira indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Gloria se ressentiu pelas críticas de que teria interpretado a si mesma, já que ela, que havia sido a maior estrela dos anos 1920, também estava numa fase ruim da carreira.
No longa, o minerador falido Daniel Plainview parte com o filho para uma cidade rica em petróleo, mas seus planos entram em conflito com os do pastor, a figura local mais influente. Paul Thomas Anderson, diretor do filme, disse que caso Daniel Day-Lewis não aceitasse interpretar o mineiro, não haveria filme. Lewis não só aceitou, como se preparou por quatro anos para o papel e ganhou o segundo Oscar de Melhor Ator em sua carreira pela atuação.
Miss Daisy, uma idosa judia, é obrigada pelo filho a conviver com Hoke Colburn, um motorista negro. De início, ela recusa o novo empregado, mas depois os dois se tornam grandes amigos. Morgan Freeman, intérprete de Hoke, se tornou conhecido pelo grande público nesse filme, com o qual recebeu sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Ator. “Acho que Freeman poderia fazer quase tudo. Ele e Robert Duvall são os dois atores mais habilidosos com quem já trabalhei”, disse o diretor do longa, Bruce Beresford.
No século 16, no Japão Feudal, uma aldeia constantemente saqueada é protegida pelo velho samurai Kambei, que decide ensinar todos a se defenderem sozinhos. Para isso, ele pede ajuda a outros seis samurais. Toshiro Mifune deu vida a Kambei, papel que lhe deu fama internacional e firmou sua parceria com o diretor Akira Kurosawa, com quem trabalhou por 16 vezes. Segundo a “Folha de S. Paulo”, “nenhum ator encarnou a imagem do Japão no Ocidente melhor que Toshiro Mifune”.
A atriz Elisabeth Vogler passa por um trauma e perde a voz. Isolada do mundo, ela é cuidada pela enfermeira Alma, com quem desenvolve uma profunda amizade. Liv Ullmann, que interpretou Elisabeth, era conhecida como a musa de Ingmar Bergman, diretor do filme. Além dessa, eles trabalharam juntos em outras nove obras, tiveram um relacionamento e uma filha. Elisabeth foi o primeiro papel destaque de Liv Ullmann.
Brick, um ex-jogador de futebol americano, relembra passagens de sua vida e de sua carreira enquanto visita os pais, ao lado da bela esposa Maggie. Elizabeth Taylor interpretou Maggie e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua atuação. Maggie foi um dos principais papeis da carreira de Taylor, que foi pupila do cineasta Orson Welles. Conhecida pela beleza estonteante, ela foi imortalizada como a rainha do Egito no longa “Cleópatra” (1963).
O longa narra os conflitos do casal Ted e Joanna Kramer. Os dois passam por uma turbulenta separação e brigam pela guarda do único filho, Billy. Dustin Hoffman, que interpretou Ted Kramer, ganhou seu segundo Oscar de Melhor Ator pela atuação. Ted passa por várias transformações ao longo do filme e, segundo a crítica, Hoffman soube captar cada uma delas de forma primorosa. Meryl Streep, iniciante em Hollywood, também ganhou o prêmio de Melhor Atriz.
Joey foi criada pelos pais para ser uma mulher de mente aberta, mas a situação muda quando ela leva para jantar em casa o médico negro Prentice, seu novo namorado. Sidney Poitier, ao interpretar Prentice, fez história e se tornou o primeiro negro vencedor do Oscar de Melhor Ator. Apesar de ter sido criticado por “agradar aos brancos”, Sidney diz que a oportunidade o colocou como o ator mais bem pago de Hollywood.
Lucky é um homem de 90 anos, que vive numa pequena cidade do deserto do Texas. Ateu, ele começa a refletir sobre sua existência quando recebe a notícia de que está gravemente doente. O personagem Lucky foi considerado o adeus de Harry Dean Stanton, ator com carreira prolífica em Hollywood, que morreu no mesmo ano de lançamento do filme. Para compor o protagonista, os roteiristas recorreram a fatos da vida e traços da personalidade do ator.
Em uma sociedade futurista, Alex é líder de uma gangue de delinquentes. Ele acaba sendo preso pela polícia, que o usa numa experiência chamada “Tratamento Ludovico”, destinado a refrear impulsos criminosos. Malcom McDowell foi escolhido por Stanley Kubrick para interpretar Alex devido ao olhar assustador e sedutor que já havia demonstrado em outros papéis. Para se preparar, o ator contou que passou nove meses assistindo filmes violentos ao lado de Kubrick.
Em “Blue Jasmine”, de Woody Allen, Cate Blanchett viveu a personagem principal, Jasmine, uma mulher que se nega a aceitar a nova realidade após perder todo seu dinheiro. “Para mim, o mais prazeroso em interpretar Jasmine foi o fato de ela ser uma narradora pouco confiável. Ela acredita em tudo que está dizendo, assim como todos os bons mentirosos”, disse a atriz em uma entrevista. Com o filme, Blanchett venceu o Oscar de Melhor Atriz pela segunda vez.
“A Outra História Americana” narra a vida do neonazista Derek Vinyard, que é preso por matar dois jovens negros. Após sua libertação, ele promete a si mesmo que irá mudar suas atitudes. Segundo a crítica, Edward Norton, que interpretou Derek, estava impressionante no papel. O filme foi acusado de ser simplista, mas sua atuação se tornou memorável e ele foi indicado ao Oscar de Melhor Ator pela primeira vez.
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